sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Capítulo 9:

O tempo estava fechado e o céu cinza preparava uma tempestade. A caravana estava a poucas horas da cidade de Garu, os campos outrora verdejantes agora estavam destruídos por pragas. O bardo e seu misterioso acompanhante encapuzado ao longe viram um pequeno grupo se aproximando na estrada. Vinham rápido, em cavalos e não usavam o uniforme do exército.
“Apenas viajantes” pensou a maioria, mas estavam errados.
Ao se aproximar da caravana eles sacaram espadas e lanças, e avançaram para completar a chacina. Seu número era reduzido, mas os cavalos e as lanças deram vantagem sobre os seguranças dos mercadores.
O bardo observava tudo de longe. Escondido dentro da floresta que agora mais parecia um pântano com sua vida destruída.
Os homens vasculhavam as carroças procurando por algo, mas aparentemente nada acharam, não estavam interessados no dinheiro e era isso que ele temia.
Um que usava uma armadura completa, talvez o líder, identificou pegadas seguindo para a mata e com um gesto de mão ordenou que os subordinados avançassem.
Continuaram procurando e se separaram, adentrando a densa vegetação.
Um dos homens seguia lentamente um rastro, tentando ao máximo ser silencioso, mas sua furtividade era deficiente e ele pisou em um graveto quebrando-o e emitindo um som denunciador. Ficou alerta por um momento, com a espada em punho pronto para atacar.
Deu-se conta que o rastro terminava e quando percebeu o perigo já era tarde demais. Olhara para todos os lados, mas não para cima.
A caça aterrissou com o pé na cabeça do caçador, nocauteando- o imediatamente. O bardo era leve, mas a queda da árvore alta potencializou o ataque.
O barulho, porém alertou dois outros que rondavam por perto. Eles se aproximaram correndo, deixando a furtividade de lado e viram o companheiro desfalecido.
O bardo estava escondido atrás da grande árvore, a mesma que ele se jogara, e não teve tempo de escalar novamente. A árvore estava morta e podre, repleta de fungos.
Aqueles homens eram mercenários como ele, deduziu, mas a julgar pela falta de perícia, todos novatos. Provavelmente descobriram a sua missão e alguém queria impedir que se concluísse. Já esperava por isso, mas sentiu-se ofendido por ter sido tão subestimado.
Sacou uma faca de cada bota, precisava agir antes que seus oponentes.
Então saiu rapidamente da sombra da árvore, surpreendendo os inimigos. Um deles desajeitado sacou uma corneta para soar um alarme, porém foi interrompido pela faca que arremessada, cortou o ar rapidamente e dilacerou sua garganta, levando-o ao chão estrebuchando e sufocando no próprio sangue. Com a mão ele tentava inutilmente estancar o sangramento. O outro projétil, portanto, arremessado com a mão inábil não teve tanto sucesso, passando longe do alvo e cravando sua lâmina em uma árvore.
Agora era um contra um e o bardo correu em direção ao perigo, e seus longos cabelos negros esvoaçaram.
O jovem mercenário ainda surpreendido desconsiderou o escudo de madeira frente o inimigo desarmado, assumindo uma postura mais ofensiva firmou os dois pés separados no chão, segurou a lança com as duas mãos e na hora certa, impulsionou o corpo para frente, empurrando a lâmina contra o peito desprotegido do atacante.
No último momento o bardo saltou para a direita e girou o tronco de lado, desviando da ponta da lança longa, seu corpo esguio era ágil e aerodinâmico, facilitando a movimentação, porém o peso leve o botava em desvantagem em combate físico, onde a força bruta faz a diferença. Por isso, aproveitou-se da velocidade da investida e arremessou-se com o ombro contra o rival.
Ambos caíram no chão e, ao tentar imobilizar o oponente, o bardo percebeu que este estava desacordado, batera com a cabeça em uma pedra.
O bardo levantou-se, pegou as facas e aguardou, pensou que o barulho do combate atrairia os outros, mas não foi o que ocorreu, eles deviam estar longe dali.
Uma ventania soprou agitando seus cabelos compridos e um trovão rasgou ferozmente o céu.

Não tão longe, dois amigos também estavam na floresta, um deles estava aliviando as suas necessidades naturais e o outro aguardava, conversando.
- É bom você ir rápido com isso ai Derf! Vamos acabar ficando para trás. - Falou o magro e alto, com cabelos negros e curtos. Tinha roupas bem feitas e cabelos bem cortados, era um dos mercadores que acompanhavam a caravana.
- É que estou com excesso de filtração em meus túbulos nefrônicos, e consequentemente grande acúmulo de urina em minha bexiga. - Respondeu o outro, que era mais moreno e gordo.
- Pelos deuses homem! Parece uma cachoeira.
- Isso não é nada meu caro Saul. Eu conheci um capitão de Oir que defecou uma bola de fezes do tamanho de uma cabeça humana.
- Deixa de ser mentiroso.
- É verdade! Pode perguntar para a minha esposa.
- Então ta... Se um dia eu encontrá-la. O que acha dessa floresta? - Desconversou.
- Muito estranha a situação da flora local. Está tudo destruído. Não parece nada de ordem natural que eu já tenha visto.
- Eu sei que ela me dá arrepios. Vamos sair logo daqui. E feche direito essas calças.
A chuva começou a cair pesada.

Outros cinco homens armados ainda buscavam na mata avançando lentamente em grupo, e avistaram encostado em uma árvore uma viola, era bonita e bem acabada, tinha o braço longo e na sua ponta um enfeite dourado em forma de lua. Logo em seguida em uma clareira avistaram uma pessoa caída, de porte físico baixo, o corpo coberto por inteiro pela capa marrom. Aquele possivelmente era o alvo. Um deles que usava uma lança aproximou-se e espetou o corpo, fazendo o sangue jorrar pelo chão. Puxou a lança e tirou a túnica do cadáver e percebeu que era um deles, o mais jovem. Era uma armadilha.
Uma lança voou entre as gotas da densa chuva, atingindo as costas de um homem. Dessa vez o bardo não arriscou o segundo arremesso e avançou furtivo, porém rápido. Seus movimentos foram cobertos pelo barulho da chuva para atingir com a faca a garganta de um deles.
Correu em meio às arvores até encontrar seu violão, escondido entre raízes podres. Os três que o seguiam de perto sacaram suas espadas.
O mais estranho é que mesmo acuado aquele homem não demonstrava medo; seu rosto tinha um sorriso sarcástico estampado. Começou a tocar seu instrumento, uma música rápida e agressiva. Segurou com uma das mãos o braço do violão e com a outra puxou um suporte metálico prateado, um bonito enfeite, trazendo a tona uma brilhante lâmina, escondida no longo braço de madeira.
O enfeite segurado era na verdade o guarda-mão da arma e dela surgia uma lâmina fina e longa.
Jogando o violão de lado manteve a rapieira em punho.
Um dos homens correu brandindo a espada, mas com um movimento simples e rápido o bardo decepou-lhe o braço. Sua arma era longa e rápida.
O homem caiu ao chão e rapidamente a lama tornou-se escarlate.
Os outros dois também partiram para o ataque, mas novamente foram facilmente neutralizados.
O bardo aparou o primeiro ataque desferido na horizontal com a rapieira, aproveitando a deixa para estocar o inimigo na barriga e girar a lâmina. Enquanto isso o outro avançando pelo seu flanco direito preparou um golpe horizontal mirando a nuca. O bardo agachou-se, fazendo a espada zunir sobre a sua cabeça. Com o punho fechado desferiu um soco na virilha do inimigo, fazendo-o se curvar de dor antes de ser atingido por um chute na face, nocauteando-o imediatamente e jogando dentes e sangue ao ar.
- Mate-me logo! Por favor! - Implorava o homem sem braço.
- Como quiser. - O bardo pegou o braço do homem e forçou a mão a largar a espada, com a sua própria arma separou a cabeça do corpo findando seu sofrimento.
Tirou a sua rapieira do corpo do inimigo e quando ia pegar o violão avistou o líder dos inimigos.
- Demorou a aparecer. Pensei que fosse ter que matar todos os seus capangas. - O Bardo disse, enquanto limpava a lâmina em um pano.
O homem usava uma armadura de placas pesada e prateada com alguns detalhes dourados, o elmo era em forma de uma cabeça de porco selvagem, com presas surgindo das bochechas e o rosto coberto por uma máscara que possuía buracos apenas para os olhos de pupilas vermelhas. Haviam poucos pontos desprotegidos. Em seu cinto estava pendurada uma espada longa, de punho dourado, guardada em uma bainha negra, também com detalhes dourados.
Sacou a espada, revelando a lâmina também dourada e brilhante. E correu ferozmente em direção ao bardo. Era impressionante que alguém corresse aquela velocidade com aquela armadura tão pesada. Segurando a espada com as duas mãos desferiu um violento golpe vertical, porém a espada não atingiu nada mais que algumas raízes e lama, pois o bardo conseguiu desviar o ataque a tempo e contra-atacar com a sua espada fina, mirando o pescoço do inimigo, porém o golpe foi interceptado pela manopla prateada do inimigo. O choque violento fez a lâmina trincar-se. O bardo rapidamente pisou com os dois pés na densa placa que protegia o tronco e empurrou, projetando-se para trás e evitando o segundo golpe do cavaleiro que agora levantou a espada rapidamente com a outra mão, fazendo a lama subir.
O bardo sabia que se as espadas se chocassem a dele levaria desvantagem então continuou esquivando e aparando os violentos golpes de seu inimigo procurando um ponto fraco, uma abertura para um golpe definitivo.
O rival entretando, era ágil o suficiente mesmo com a armadura pesada para dificultar o contra-ataque e atacava com fúria sem se preocupar com a defesa, talvez estivesse confiante demais na armadura. Ou talvez no ataque da sua espada, uma arma obviamente fora do comum.
Arriscou mais um choque entre as espadas, segurando a sua rapieira com as duas mãos.
Sua lâmina quebrou-se em duas, porém mesmo com isso aparou mais um ataque, deslizando a lâmina, até que a espada dourada encontrasse o bonito guarda-mão de sua rapieira. O guerreiro frenético girou rapidamente a espada fazendo um círculo com a lâmina dourada arrancando os frangalhos de rapieira das mãos do bardo.
Desarmado, o bardo não viu alternativa se não correr, mas nunca fugir.
Enquanto era seguido de perto pelos estalos da barulhenta armadura ele se abaixou pegando um pedaço de madeira, correu em direção a uma árvore subindo em passos rápidos e pulou, impulsionando-se por cima de seu oponente.
Dando um giro no ar, pousou atrás do seu inimigo. Ao virar-se antes que pudesse preparar o golpe foi atingido por um violento golpe com a tora.
O golpe foi forte o suficiente para quebrar o pescoço de qualquer pessoa normal, porém nem ao chão ele foi, teve apenas a sua máscara completamente amassada.
O bardo estava chocado com a resistência do inimigo foi atingido com o pomo dourado da espada, caindo desorientado no chão.
Ele apontou a lâmina dourada em direção ao pescoço do bardo e levou a mão ao rosto, e removeu a máscara, revelando o rosto completamente deformado, a pele pútrefa repleta de equimoses e feridas abertas da onde brotava sangue e pus.
- Quem diabos é você? - Perguntou ao seu carrasco.
- Eu sou a Peste!

3 comentários:

Pirra disse...

Cara, esse bardo tá overpower! foi a melhor sequência de ação até agora, ficou sensacional. Deu pra imaginar o carinha botando a mão na ferida na garganta...

Larissa disse...

Ahhhh, até senti o meu pescoço! auahuhauauhau
Sim sim, muito boa a sequencia de ação!!!

Inimigo muito loco aí, pobre Bardo!!
Mas ele é muito ninja, o magrela!! :D

Boca disse...

OHHH SANGUE. >D

FODA FODA FODA FODA. Demorou mas veio épico!

Derf e Saul. aaaaAEUHOIUEAHOIEUAHOIEUAH