sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Capítulo 5:

Conforme se afastavam da capital a conservação das estradas piorava e no início do quarto dia a caravana finalmente deixaria os domínios do império.
Havia uma última cidadela dentro dos domínios do império e essa seria a última parada antes da fronteira.

A próxima parada era uma cidade pequena e pacata e a taverna estava vazia até a chegada dos visitantes. Fora os fugitivos havia algumas dezenas de homens da caravana que entraram no lugar.
Um homem magro era o único a atender e parecia não estar acostumado com aquele movimento todo.
- Boa noite senhores. - Disse cortês. - O que vão querer?
- Pelo nome do estabelecimento suponho que o seu prato principal seja filé certo? - Syad sorriu.
- Perfeitamente. - O vendedor retribuiu o sorriso.
- Então traga um bom filé, amigo. - Syad pediu.
- Com batatas. - Acrescentou Lwj’zah.
- E... Seis cervejas? - Syad perguntou para os outros.
- Cinco. - O Herege corrigiu. - Eu quero um suco de guaraná.
Rapidamente o atrapalhado dono trouxe as bebidas e, não tão rapidamente uma moça que chegara para ajudá-lo com a inesperada demanda trouxe o pedaço de carne com batatas. Tudo servido em peças bastante rústicas.
- Pode nos trazer mais uma rodada. - Disse o Rato à moça.
- Essa cidade é sempre movimentada assim? - Lwj’zah ironizou.
A jovem era ruiva e tinha seios fartos exibidos em um grande decote. Assim como tudo o que a cercava tinha um aspecto rural, com roupas simples e gastas.
- Nunca foi muito movimentada na verdade. -Explicou. - E recentemente piorou. Cada vez mais as pessoas migram para o centro. - Foi interrompida por uma voz que vinha do outro lado da taverna e saiu correndo para atender o cliente.
- Nessas horas eu fico feliz de morar na cidade. - Rato disse baixo quando ela já tinha ido.
- Essa vila não deve ter importância econômica para o império. - Rapir supôs. - Por isso eles simplesmente não se importam.
Code, sempre atento observava ao redor. Na mesa ao lado dois amigos jogavam cartas, no canto da taverna reconheceu o bardo que vira na taverna em Oir. Estava viajando com a caravana e estava sentado à mesa com uma pessoa que usava uma túnica que fazia sombra sobre o rosto.
- Quer uma batatinha?- Syad perguntou. - Come uma batatinha!
Alguns copos depois Syad cantava alto, enrolando as palavras. Acompanhando o bardo que tocava uma canção improvisada que falava sobre amizade.
Code lhe ofereceu um copo com água dizendo que era cerveja, ele virou o copo num gole só e o bateu na mesa forte a ponto de quebrar a cerâmica e Syad saiu correndo do bar.
A caravana partiu e junto foram os viajantes. Passando pela fronteira encontraram uma pequena fortificação, com guardas montando vigia.
A essa altura Syad já sabia do passado dos fugitivos, mas tomado pela bebida falou alguma gracinha irritando os guardas e comprometendo o disfarce dos amigos.
Foi preciso que Rapir utilizasse toda a sua lábia para convencer os guardar que era só um bêbado.
Eles finalmente saíram dos limites do império.

No dia seguinte Syad estava curado da bebedeira e assolado por uma violenta ressaca.
Acordou com o som de milhões de pingos que mais pareciam martelos de guerra chocando-se violentamente contra a sua cabeça.
- Bom dia flor do dia! - Ouviu a voz de Lwj’zah.
- Bom dia pessoal. O que houve? - Olhando ao redor notou que estavam dentro de uma caverna.
- Esse é o Reino da Chuva ora... O que você esperava? - Disse o Herege apontando para a boca da caverna.
- Pegamos uma tempestade forte no caminho e descobrimos essa fenda, resolvemos nos abrigar aqui. - Explicou Rapir.
- E a caravana? - Syad via apenas os seus amigos.
- Se distanciaram, um amigo nosso nos atrasou.
- Quem?
- Você, idiota! Tem gente que não sabe beber. -Rapir soou mais brincalhão do que furioso.
- Pessoal! Venham ver isso! - Code gritou do fundo do túnel.
Deixaram a carroça perto da saída e seguiram em direção à voz. O caminho seguia como um túnel que era uma leve descida. Ao chegar ao final, havia uma porta de pedra, com o desenho de um dragão e uma alavanca coberta de teia.
- Vamos dar uma olhada? - Code estava curioso.
Rapir espanou a teia e tentou sem sucesso puxar a alavanca. - Está emperrada.
O Herege se aproximou analisando a porta. Tirou um pedaço de carvão da túnica e começou a fazer desenhos e proferir suas palavras mágicas desconhecidas. Repentinamente a porta se abriu, deslizando para cima, fazendo subir uma grande quantidade de poeira.
- Eita minha alergia. - Lwj’zah tentou em vão proteger o nariz.
- Estava bloqueada com um feitiço. Deve ser um antigo santuário. Peguem suas armas, vamos investigar.
O túnel seguia, descendo uma grande escadaria que finalmente se abriu em uma imensa caverna, com um lago no meio e o teto repleto de estalactites.
Por uma fenda entrava água da chuva e um feixe de luz que não era suficiente para iluminar a enorme gruta e tomados pela beleza do local eles foram entrando.
- Parece maior do que uma cidade. - Disse Syad maravilhado.
Lwj’zah e Rapir fungavam. Era tudo que se ouvia.
Code andava cautelosamente analisando o chão, não tinha nada. A flecha estava a postos no arco. O Herege analisou as paredes, viu algumas inscrições em uma língua desconhecida, mas pelos símbolos deduziu e falou.
- Isso não era um santuário. - Todos olharam para ele. - Era uma cela.
- Mas o que eles prenderiam aqui?- Code perguntou.
Rato se aproximava de uma pedra no canto e sentiu que por ali a temperatura subia. Viu um orifício que repentinamente jogou um jato de vapor quente de aroma desconhecido.
- Algo grande. - Respondeu o Herege.
Nesse momento o silêncio da caverna foi quebrado por um espirro que ecoou alto na caverna fazendo uma rocha pontuda de desprender do teto e cair feito uma estaca em frente à Syad.
- Foi mal gente. - Lwj’zah disse sem jeito.
A pedra que o Rato olhava rapidamente se mexeu, revelando um enorme olho.
Não era uma pedra e sim uma criatura que rapidamente levantou-se retirando a poeira que já formava crostas, revelando seu corpo verde como esmeralda.
Todos foram se afastando em passos lentos, com os olhos fixados, pasmos com o que viam.
Era uma criatura mitológica, com o corpo coberto em grandes escamas verdes que brilhavam. Agitou-se mais uma vez rapidamente, e de suas costas revelou-se um par de asas.
- Que diab... - Code blasfemou puxando a flecha e tencionando ao máximo o arco. Mas não pode concluir a frase pois o monstro guinchou. Tão alto que todos taparam com força os ouvidos. Atordoado, Code soltou a flecha que se quebrou ao atingir o corpo do dragão.
Inúmeras estalactites começaram a se desprender caindo rapidamente.
- Corram! - Gritou o Herege.
Lwj’zah segurou firme o machado encarando o monstro, mas Code a puxou pelo braço.
- Está louca?
Os seis começaram a correr desviando dos projéteis.
- Separar! Code seguiu correndo para a esquerda acompanhado de Lwj’zah. Rato e Syad viraram para a direita e Herege e Rapir continuaram seguindo em frente em direção ao lago. E foi eles que o dragão escolheu como alvo. Abriu a boca e dela projetou-se uma bola de fogo, maior do que qualquer projétil de catapulta. Os dois se jogaram no lago no ultimo momento, fazendo a bola passar direto sobre o lago e explodiu no corredor por onde eles entraram, provocando um pequeno deslizamento.
O dragão virou a cabeça rapidamente para a esquerda, e viu um fino palito voar rápido em direção ao seu olho. Foi a última imagem registrada pela córnea esquerda. A flecha de Code acertou em cheio sua grande íris arruinando a visão. O dragão soltou um guincho e levantou voo rapidamente, com apenas um forte bater de asas.
- É a nossa chance. - Gritou Code.

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