Capítulo 4:
A casa de Syad era grande. Era cheia de armas, mas estava deserta, como na maior parte do tempo. Ele passava a maior parte do tempo viajando à trabalho.
Na sala, uma grande mesa bagunçada denunciava a especialização de Syad, em cima dela repousavam as ferramentas de trabalho. Syad largou a armadura sobre a mesa, fazendo uma sequência de chiados, gerado pelos choques das pequenas placas de metal. Repousou o corpo no encosto da cadeira e suspirou, entrando em reflexão. Olhava para aquele conjunto de placas iluminado à luz de castiçais.
- Já é noite?- Disse uma voz sonolenta.
- Sim meu amigo, vocês dormiram bastante. - Virando-se e vendo o careca com cara de sono. Ele chegou exausto e dormiu no tapete da sala. - Como estão os ferimentos Rapir?
- Ainda doem um pouco. Mas acho que amanhã estarei melhor. - Falou aproximando-se da mesa. - Então você é um ferreiro?
- Eu diria que não apenas isso, mas também inventor, engenheiro, colecionador, pesquisador, entre outros. Essa armadura foi meu último projeto. Mas ela acaba pesando muito, exigindo demais de Lwj’zah.
- Os membros devem ser ágeis na batalha.
- Vou fazer algumas alterações.
A casa de Syad era grande. Era cheia de armas, mas estava deserta, como na maior parte do tempo. Ele passava a maior parte do tempo viajando à trabalho.
Na sala, uma grande mesa bagunçada denunciava a especialização de Syad, em cima dela repousavam as ferramentas de trabalho. Syad largou a armadura sobre a mesa, fazendo uma sequência de chiados, gerado pelos choques das pequenas placas de metal. Repousou o corpo no encosto da cadeira e suspirou, entrando em reflexão. Olhava para aquele conjunto de placas iluminado à luz de castiçais.
- Já é noite?- Disse uma voz sonolenta.
- Sim meu amigo, vocês dormiram bastante. - Virando-se e vendo o careca com cara de sono. Ele chegou exausto e dormiu no tapete da sala. - Como estão os ferimentos Rapir?
- Ainda doem um pouco. Mas acho que amanhã estarei melhor. - Falou aproximando-se da mesa. - Então você é um ferreiro?
- Eu diria que não apenas isso, mas também inventor, engenheiro, colecionador, pesquisador, entre outros. Essa armadura foi meu último projeto. Mas ela acaba pesando muito, exigindo demais de Lwj’zah.
- Os membros devem ser ágeis na batalha.
- Vou fazer algumas alterações.
O lugar era escuro e úmido, a sensação estranha e não havia som algum. Pensou que estivesse morto.
Após andar por algum tempo avistou uma luz e se apressou. A luz rapidamente se expandiu como em um feixe, crescendo repentinamente e ferindo os olhos do homem conhecido como Herege.
Quando os olhos se acostumaram com a claridade, conseguiu olhar novamente. A origem da luz não era uma saída e sim um menino que não aparentava ter mais de cinco anos completos. Seus cabelos eram loiros e seus olhos estavam fechados. Usava apenas uma túnica branca por cima de um dos ombros e sentava em posição de lótus numa flor dourada.
- Finalmente encontrei você. - O herege viu que o garoto não movia a boca, mas se comunicava diretamente em sua mente com um som estridente e demoníaco.
- Onde eu estou? - Olhando para os próprios braços viu que usava uma túnica preta. O Herege sabia muito bem onde estava, mas tentava ganhar tempo e dissimular ignorância.
- No reino das sombras. Preso no plano espiritual.
- Mas... Como conseguiu me achar?
- Tolo. Achou que com o feitiço de esquecimento feito pelo seu mestre eu não te acharia? Escapou de mim no mundo material, mas não escapará novamente no espiritual.
- Eu sou um mero alquimista.
- Você é um mago! Seu mestre, por meio de um feitiço passou todo o conhecimento para você depois que eu o derrotei. O conhecimento é meu por direito! E eu vou assimilar tudo assim que você morrer. Você não tem o controle para tamanho poder.
- Esse foi o seu maior erro. - O menino finalmente esboçou uma reação, levantando uma de suas sobrancelhas loiras. - Quem caiu na armadilha foi você. Ah é... Eu matei um de seus brinquedos, mas não se preocupe, você logo encontrará o mesmo destino, e depois eu vou cuidar pessoalmente dos outros três.
- Fome?
Quando o menino terminou de falar o Herege já tinha desaparecido. O menino não via nada, mas não sentiu mais a sua presença no plano espiritual. Mal teve tempo de raciocinar e sentiu outra presença surgindo, aterradora. Na sua frente surgiu um grande furacão de fogo e em meio à ele uma grande massa disforme, repleta de olhos e dentes rugindo e cuspindo fogo.
- Muito esperto Herege. Mas... Eu sou divino! - O menino abriu os olhos.
Longe dali, em algum lugar no mundo físico, uma jovem com um manto preto agachou-se em meio ao círculo de símbolos desenhado no chão de madeira pegando um chumaço de cabelo preto, guardou em um pote de cerâmica cheio de óleo e ateou fogo. O feitiço estava concluído e a alma do Herege estava salva.
A casa de Syad ficava na área nobre da cidade. Na varanda do segundo andar, Lwj’zah observava a noite. Um vento sudoeste passou subitamente, agitando seus longos cachos. Ela enrolou o cabelo em um coque alto e transpassou-o com um pedaço de osso fino e longo.
A cidade era como a capital, em menor escala. Os muros eram menores, mas não menos patrulhados.
À noite as ruas estavam vazias. Code apareceu subitamente na sacada, provocando o espanto de Lwj.
- O nosso amigo acordou. Parece saudável e está sem febre. - Disse.
- Fico feliz por ele, embora isso não faça o menor sentido. - Respondeu, ainda pensando em uma solução lógica.
- Essa noite eu vi muitas que não fazem sentido, e algo me diz que muito ainda está por vir.
- Por exemplo?
- Lutamos contra uma fera, meio homem e meio lobo. - Riu não acreditando nas próprias palavras.
- Que tipo de piada de mau gosto é essa?
- Não é piada, mas gostaria que fosse. Durante a batalha nosso amigo evocou poderes, da própria sombra. Ele disse que esse tipo de mágica exige muito do usuário e acabou desfalecendo por isso.
- Realmente eu nunca tinha visto um olho como aquele.
- Vai conosco para o Reino da Chuva?
- Se Syad assim decidir. Eu gosto de viajar com ele, conhecendo lugares novos. Vou tentar ao máximo influenciá-lo para que decida que sim. Estou ansiosa para conhecer a grande metrópole.
- Você e Syad... - Disse sem jeito.
- Somos apenas grandes amigos.
A manhã estava agitada houve um grande evento público, um mistério onde grandes atores e famosos bardos interpretariam. A crise que atingira Oir começava a se refletir na província e o conde, temendo por revoltas, tentava distrair o povo investindo nessas pequenas distrações.
Syad era um admirador declarado da arte, e eles combinaram de partir após o término da festividade, quando as estradas estariam mais movimentadas, inibindo assim os ladrões.
Partiram após o almoço, junto a uma caravana.
Rapir agora trajava parte da armadura de escamas e além da espada curta levava também uma lança longa e andava, ainda mancando um pouco, à frente da carroça com Lwj’zah, que usava apenas uma roupa de couro reforçado e seu machado apoiado no ombro. Code de cima da carroça observava do alto a movimentação, ao lado do seu arco longo, com a corda presa em uma só ponta. Syad tinha lhe oferecido uma besta, mas ele não aceitou defendendo que o alcance e a cadência de disparos do arco longo são muito superiores. À sua frente via cerca de 50 pessoas, em sua maioria mercadores, viajando escoltados por mercenários e servos.
Era a manhã do segundo dia de viagem.
- Eles estão voltando. - Disse Code de cima da carruagem.
- E então. O que descobriram? - Perguntou Lwj’zah.
- A maioria vai parar em uma cidade antes do nosso destino, mas é bem perto. Eu consegui um mapa. - Disse Syad abanando um papiro.
- E alguns vão seguir conosco até o Reino da Chuva. - Completou Rapir.
- Bom! - O Herege sentado à frente da carruagem, fazia pinturas no seu novo manto.
O veículo era grande, mas estava cheio de equipamentos que por si só já pesava muito. E, exceto por Code, que ia acima, eles andavam para preservar os cavalos. Isso atrasava a viagem, mas era mais seguro.
- Dê uma olhada nisso Herege. - Syad procurava algo na carroça. - Ontem à noite eu trabalhei nas garras do tal monstro. São bastante rígidas, praticamente indestrutíveis e altamente cortantes... Sem achar utilidade melhor, eu as acoplei em manoplas. - E mostrou o resultado do trabalho. As manoplas eram confeccionadas em aço e couro e duas garras negras projetavam-se do dorso de cada mão.
- Onde está a quinta? - O Herege perguntou. Vestindo as luvas com garras.
- Pensei que você poderia querer ficar com uma em separado. - mostrou a última garra retirada.
O Herege analisou rapidamente e guardou no bolso da nova túnica.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Postado por LubaLuba às 16:42
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